SE CONHECER DE VERDADE, CORAGEM... E OUTRAS COISAS
cada vez
que me olho
e me valido
aprimoro minha
CORAGEM
Amo escrever poemas! A potência de sua expressão em tão breve combinação de palavras!
Olhar para si é um baita desafio! Talvez dos maiores que encontramos pela vida.
Além dos milhares de estímulos que atualmente nos puxam para fora de nós, geralmente nos deparamos com cantinhos doídos quando viramos essa câmera para dentro. E o desafio, na verdade, está em ter recursos que nos apoiem a sustentar nosso olhar exatamente nesses cantinhos. Não para fazer morada na dor. Mas sim, para que possamos abrir espaço para a nossa existência inteira - os momentos e sentimentos macios e suculentos e também aqueles com uma textura mais áspera, seca.
É se permitindo sentir que a gente vai se sabendo um tiquinho mais. E a cada saber a gente pode descobrir novos caminhos de cuidado para lidar com a experiência de cada agora. Ampliando nosso repertório de si.
Para se conhecer de verdade é preciso CORAGEM!
E onde será que a gente encontra essa coragem toda diante desse grande desafio? Ela pede um pouco mais do que apenas vontade, aquele impulso momentâneo que frente ao primeiro desconforto sai correndo em busca de uma fonte de alívio que se esvai tão rapidamente quanto chega - esquecendo de cuidar do embrolho que deixou para trás.
A seguir eu te conto o caminho que tenho trilhado para cultivar a minha coragem, depois de muito tempo vagando à deriva com essa câmera interna bloqueada.
Eu aprendi que a curiosidade é uma das melhores amigas da coragem. É a ela que eu recorro quando me sinto frágil… ou essa palavrinha da moda: vulnerável.
Faço a mim mesma um convite de afastar as certezas cravadas na minha mente sobre como eu sou, como eu estou, como eu deveria estar. A curiosidade me apoia a livremente me encontrar comigo mesma nesse exato agora. E como quem vê algo pela primeira vez vou deixando um interesse genuíno ganhar espaço:
“o que posso descobrir sobre mim nesse momento?”
Por um instante escolho apenas alongar meu olhar sobre o que estou experienciando. Sem pressa. Tateando cada sensação, emoção ou pensamento que se revela. É como se eu abrisse uma fresta para que a coragem possa se espalhar um pouco mais.
Vou me percorrendo. Vagarosamente. Corajosamente! Reconhecendo o que me visita com alguma frequência e identificando o que se mostra novo.
De repente, já estou na velha estrada das certezas de novo. Julgamentos, culpas, ‘deverias’, ‘não deverias’ - histórias que minha mente insiste em repetir. O velho conhecido tem muita força e vai se ocupando de cada pedacinho desatento de mim.
Pois saiba que a coragem e a curiosidade não caminham em dupla… não… elas andam sempre em trio. Inseparáveis! É a compaixão que complementa a potência desse movimento.
É exatamente nessa hora mais escura e nebulosa - em que já saímos da presença do agora, descolamos do corpo e nos perdemos nos redemoinhos da mente - que a compaixão chega iluminando novos espaços internos.
Pode ser muito difícil encontrarmos com partes de nós que não queríamos, partes de nós que doem. E quando isso acontecer, lembre-se: tudo em nós faz parte! Lutar contra o que está presente mina por completo a nossa coragem. E esse processo de resistência rouba nossa atenção para longe do que realmente importa: cuidarmos de nós!
Acolher e aceitar o que minha curiosidade me permitiu enxergar alarga o espaço para que a coragem se acomode aqui dentro. Mesmo que eu veja aquelas coisas que eu não queria sobre mim: “não queria ter perdido a paciência com a minha mãe”, “deveria ter reagido melhor naquela situação”, “tenho muita mágoa dessa pessoa”.
E isso nada tem a ver com me conformar sem fazer nada à respeito do que me incomoda. Mas sim, entender que é possível validar o que está presente do jeito que é, juntamente com meus desejos de que seja diferente. Encarar a realidade com mais honestidade e gentileza; e não mais travar guerra comigo mesma e me condenar por ser o pior exemplar de ser humano na face da Terra.
Isso abre espaço para que eu possa estar inteira! E mais disponível para criar novos caminhos conectados com meus desejos mais profundos.
Sustentar minha própria companhia enquanto me atravesso pelo meu olhar.
É assim que construo resiliência para seguir nessa pesquisa de mim e minha coragem vai ganhando território.
então, morar em mim deixa de ser uma ameaça por si só…
e passa a ser um lugar mais seguro, mais confortável!
A coragem floresce em terras férteis adubadas pela curiosidade em se caminhar e pela gentileza que nos oferecemos a cada passo dado. Essa combinação é um potente recurso de autonomia do cuidar-se!
E tudo isso já está em nós. No entanto, como não nos é ensinado nem estimulado acessar esses recursos, eles perdem a vida; e passamos a viver apenas na superfície da nossa existência.
Boa notícia: é sempre tempo de revivermos nossa coragem, curiosidade e compaixão! Basta colocarmo-nos no movimento de um cultivo atento e constante nutrido da nossa presença e intenção de cuidado.
Para finalizar, hoje deixo aqui de presente para você uma música bem gostosinha, que serviu de inspiração para o título desse texto!
escute - Coragem, de Castello Branco
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